sábado, 28 de fevereiro de 2009

Baobás

Segundo Valiente, Deus e o Diabo são amigos e todo final de tarde se reúnem dentro de cada um de nós pra jogar baralho e contar piadas. Alguém duvida?
Nos encontros durante e pós o império dos sentidos do carnaval, a nossa pauta girou em torno de baobás, jibóias e outras coisas do asteróide B-512 (onde pensamos nos refugiar mais cedo ou mais tarde). E daí que achamos que os seres não-unicórnios se enquadram em categorias e sub-categorias, segundo o modo como transitam no mundo e de acordo com os níveis de serotoninas, pantomimas, alegorias psicológicas e adereços espirituais. Algo assim como as categorias cronópios, famas e esperanzas, do gênio Cortázar.
Algumas modalidades preliminares, então:
Quasímodos
Baobás
Amélie(s) Poulain(s)
Pequenos Príncipes
Cuspidores de Fogo
Pelotões de Fuzilamento
Passa o sal
Pessoas-flores
Encostos inviáveis
Clarices
Etc, etc.
Quem pertence a qual ala já é tema pra outra conversa. E como identificar também. Mas é bom perguntar, pelas dúvidas: vc me desenha um baobá? Dependendo da resposta, diga algo de tom clariceano: vou ali morrer um pouco e já volto. E revolva seus vulcões ou se pendure em sinos: isso agrega valor e a pele fica bonita.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

De Recife para o mundo

Pessoas carnavalescas:
Já que estamos em plena apoteose, apresento-lhes um furor incendiário lá de Recife chamado Ingrid. Meu livro foi parar lá na casa dela (e, claro, ele deve estar bem feliz na qualidade de cidadão recifense. Sim, a autora pretende ir ainda nesta encarnação). Ingrid com a palavra:

Sou o pilar que sustenta
um prédio abandonado
de 58 andares
onde o teto da cobertura
já foi muito usado como trampolim...
E eu, sempre lá embaixo,
tendo que ver o fim do espetáculo
de cada um dos meus moradores.

E, da própria região trinacional, o carro alegórico Marisete Zanon:

Hierarquia poética
Na hierarquia da minha dor
a poesia ocupa o alto escalão.
A dor nos rins é um soldado raso.

(Postado por Hanauer)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Poemas rápidos no gatilho

Acá estamos!
Hoje vão ao ar dois poemas. Voltaremos com as crônicas-fuzis na próxima postagem.

Plátanos
Plátanos felizes à beira do caminho
e eu,
no infeliz descaminho,
invejando plátanos.
(Hanauer)


Costumava trazer uma vontade sem nome
Uma inquietação constante
Um não sei o que de agonia
Hoje abdiquei dos costumes
E me revelo uma estranha
Que contempla o céu
Mas pisa no chão com uma firmeza de titã
(Valiente)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Doses homeopáticas de gente

Já reparou que às vezes nem um floralzinho de Bach resolve? Sim, porque a gente toma com aquela intenção de que algo se acalme dentro da gente. Mas tem horas que o mundo deveria tomar banho com floral. Nada contra, acho que em alguns casos funciona. Mas tem gente que convive no mesmo planeta que deve ser tratada em doses homeopáticas, como os florais. Não que sejam tranquilas demais, mas basicamente não precisariam vir em tubos inteiros de dose única, como os vermífugos, mas sim em gotas. Porque inteiras elas causam reações adversas e em alguns casos podem até matar de raiva.
Conheço uma porção de gente assim. Em comum elas têm a característica de já terem sido próximas. Sim, porque é só assim que a gente nota de verdade que, depois de muita folia na convivência, elas devem ser mantidas a uma certa distância, como os caminhões, aquelas jamantas que dizem no parachoque : "veículo longo, distância a ser preservada". Mas depois de serem descobertas no 'circo' de amizades, elas são classificadas. Basicamente como gente de dose homeopática. Ou seja, você tem contato, mas não é grande. Você até quer saber, mas não muito, e a cada encontro aquele "passa lá em casa", simplesmente some. Porque é duro, mas é melhor assim, seus dias agradecem a falta de confusão, a falta de frases mal compreendidas, do diz-que-me-diz, e principalmente o bom andamento da sua saúde mental. Não é conselho nem nada, mas aposte nas gotas, porque depois da receita controlada...é barranco abaixo. Ah sim, antes que pergunte, Jeane, você é inflamável...não pode ser tomada!
(Valiente)

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Trincheiras

Visitantes do recinto:
Ficamos contentes com as manifestações recebidas logo após a inauguração deste lugar de exorcismos ou coisa que o valha (aceitamos sugestões de nomes mais chiques). Agradecemos os comentários registrados e fiquem à vontade sempre: temos que manter a chapa quente.
A lebre levantada por Dani no texto anterior dá muito pano pra manga e vocês podem infiltrar-se na discussão.
Voltando aos "sintomas" comentados pela colega, geralmente sou da modalidade tanque de guerra (o que, notem, é bom, mas não é fácil). Eu não sei se a metáfora é apropriada ou não. Mas o fato é que eu gosto e preciso de gente como Maysa, Claudel, Piaf, Kahlo e cia. ltda. Porque elas traziam, como que colado na testa, o aviso prévio: "a pessoa é para o que nasce" - há um documentário com este título. Pra minha sorte e delícia, aqui por perto, ao vivo e a cores, também existem uns seres desta estirpe. Gosto de coisas fortes e de pessoas viscerais: não gosto de emoções pela metade.
Um dia tomei um táxi em Porto Alegre e o motorista era um tipo folclórico (pra minha glória). Ele ficou repetindo, de forma categórica: "tu fica na trincheira, guria!". Pelas dúvidas, ainda sigo o conselho. Eu acho que a recomendação dele procede.
Ah, sim: aceitamos réplicas.
(Hanauer)